terça-feira, maio 10, 2005

Ala arriba!!

Meus amigos, camaradas pobeiros e demais leitores deste espaço:

venho informar-vos que, apesar de não deixar o blog, vou deixar oficialmente de aqui escrever por uns tempos devido a excesso de actividade noutros locais e porque por ora este espaço não me serve os intentos pseudo-literários e outros que tais e não tenho tempo para me manter nos vários em que colaboro. Podem visitar www.fimdatarde.blogspot.com caso estejam interessados em ler algumas divagações e demais textos dalguns já vossos conhecidos...

Ala arriba!!

Bruno Ribeiro

sexta-feira, abril 01, 2005

Salazar, por Pessoa

António de Oliveira Salazar

Antonio de Oliveira Salazar.
Trez nomes em sequencia regular...
Antonio é Antonio.
Oliveira é uma arvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

Fernando Pessoa 29-03-1935

quarta-feira, março 16, 2005

Uma vela à luta pela igualdade e pelos direitos humanos

Num tempo em que tudo parece tão efémero e as pessoas têm tanta dificuldade em perceber que têm que se unir e lutar pela paz, através da compreensão, da tolerância, do entreajuda, da promoção da paz pela abertura e aceitação doutras culturas, partilhando um mesmo sentido de felicidade por estar vivos...por tudo isso e muito mais vale a pena lembrar certas pessoas, que puseram a sua vida ao serviço destes nobres valores.
Peter Benenson, fundador da Amnistia Internacional, morreu com 83 anos no passado dia 25 de Fevereiro. ver

At a ceremony to mark Amnesty International's 25th anniversary, Mr Benenson lit what has become the organisation's symbol -- a candle entwined in barbed wire -- with the words:
"The candle burns not for us, but for all those whom we failed to rescue from prison, who were shot on the way to prison, who were tortured, who were kidnapped, who ‘disappeared’. That is what the candle is for."


Actualmente, a Amnistia Internacional entra no seu 44º ano de existência. Tornou-se a maior organização mundial independente de defesa dos direitos humanos, com mais de 1.8 milhões de membros e apoiantes por todo o mundo.

sexta-feira, março 04, 2005

"Music to hear, why hear'st thou music sadly?"

William Shakespeare, sonnet eight

quinta-feira, março 03, 2005

"Eça de Queirós lembrou Santos Graça"

"António dos Santos Graça – autodidacta, político e etnógrafo – foi lembrado em mais uma conferência comemorativa do centenário do antigo Liceu Nacional da Póvoa de Varzim. João Marques foi quem traçou o perfil da “maior personalidade poveira”." - in Póvoa Semanário 03-03-2005

domingo, fevereiro 27, 2005

Naquela esplanada que conhecemos...

Ora mudando de assunto, volto a chamar a atenção para um artigo do já várias vezes citado jornal poveiro, o Póvoa Semanário. Não se pense que tenho alguma afinidade para com o jornal para além dum manifesto apreço por um jornalismo de nota, na minha opinião, para uma cidade da dimensão da Póvoa.
Voltando ao artigo, este é dum personagem conhecido dentre os poveiros, ou pelo menos dos que se mantêm ao corrente do que por cá se vai passando, o ex-Capitão do porto da Capitania da Póvoa de Varzim de seu nome Costa Rei.
Saliento o artigo não só por o crer um assunto bem pertinente para as gentes da Póvoa mas também porque é a expressão consciente dum cidadão responsável que assume isso mesmo e dá exemplo de intervençao cívica:
"Numa altura da nossa conjuntura nacional em que tanto se discute e debate sobre a ausência de participação do cidadão comum na vida pública, eventualmente revelador de uma certa apatia, alheamento e descontentamento relativamente à actual classe política cada vez mais profissionalizada, entendi poder, neste e/ou noutros espaços contribuir para uma reflexão sobre temas e assuntos que dizem directamente respeito à Póvoa de Varzim e consequentemente àqueles que se dizem “poveiros” ou que adoptaram esta terra para fixarem residência."
Acho que aborda, para além da Esplanada que é no fundo o da questão do ordenamento da orla costeira e a (excessiva) intrusão humana no espaço natural marítimo poveiro (de resto já abordado em "Construções na areia", de Fernando Nunes e João Lima), assuntos muito pertinentes; proporciono assim espaço de debate mais abrangente neste blog do que no jornal, se me permitem.
Convido portanto a que se entre em salutar reflexão e discussão sobre estes temas!

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

A república das bananas!

Na senda do que tem sido escrito, republico aqui uma pequena entrevista, muito significativa, do Prof. Hermano Saraiva.
Note-se que não pretendo com isto manifestar pontos de vista pessoais nem nada que o valha, mas sim dar a ler uma outra perspectiva, bastante interessante por sinal, de algo bastante relevente na nossa história recente para a actualidade e que talvez possa também ajudar a limar algumas arestas..


Entrevista ao Prof José Hermano Saraiva (in
Semanário 5 de Outubro de 2000)


"Noventa anos depois, podemos dizer que foram
cumpridos os princípios da República?

Tenho que responder a isso com uma pergunta. Será
que a República tinha princípios fundamentais? Não
tinha. A República mantém o estado liberal,
pequeno-burguês, da última fase da monarquia. A
República não traz nenhuma inovação sob o ponto de
vista da filosofia política em Portugal.


Mas não se inspira nos princípios da revolução
francesa: igualdade, fraternidade e liberdade?

Tudo isso se aplica à revolução de 1820. As
repúblicas do D. Carlos, ou do D. Luís, ou da D.
Maria, inspiram-se em tudo isso. Havia liberdade
completa. Podemos até dizer que havia muito mais
liberdade de imprensa antes da República do que
depois. É uma coisa curiosa como é que foi possível
criar a ideia de que foi a República que trouxe
esses valores. Esses valores existiam fortemente
implantados, teoricamente, desde 1822, mas na
realidade, depois do triunfo militar dos liberais,
porque até certo ponto, porque, em Portugal, é muito
difícil fazer uma revolução porque, no dia seguinte,
as pessoas aderem todas, ou seja, o mesmo pessoal
continua a servir os novos regimes. Foi isso que
aconteceu na República, não há assim nenhuma grande
mudança.


Então, o que aconteceu?

O que há é o triunfo de um partido, o Republicano,
que até aí tinha estado fora do poder, e que
precisou de arranjar empregos para os seus sequazes.
Então, o Diário de Governo passou a publicar grandes
listas de pessoas com o título de revolucionário
civil. Houve centenas de publicações de nomes de
pessoas que tinham a qualificação de revolucionário
civil. Um pouco como, a seguir ao 25 de Abril, houve
os anti-fascistas, que chegaram a ter nomes de ruas,
mas não eram muitos. Percebeu-se a tempo que ser
anti não era coisa nenhuma. A gente só é o que é,
não é o anti. A República trouxe essa gente e trouxe
também grandes dificuldades, porque, em 1910,
começam a processar-se grandes mudanças, começa a
indústria a ter já grandes contingentes de
trabalhadores. Portanto, começa a haver verdadeiros
problemas sociais e a haver aspirações socialistas e
laborais, de limitações do horário de trabalho, de
pensões de invalidez - toda essa política social que
hoje se reivindicamos todos os dias -, mas isso
põe-se como novidade em relação à República.


Essas reivindicações sociais só começaram em 1910?

Não, não, vêm do tempo de D. Carlos. Os ministros
socialistas são do tempo de D. Carlos. A partir de
D. Carlos os socialistas não voltam ao poder, ao
contrário do que se julga. Há aí um período de uma
grande instabilidade, por um lado, um grupo de
anarco-sindicalistas que reivindicam garantias no
trabalho, mas, por outro lado, põem em causa a
própria existência do Estado burguês. Por outro
lado, os republicanos conservadores da linha do
Brito Camacho, da linha do António José de Almeida,
tudo isso é gente muito conservadora que quer uma
República na ordem, como eles diziam. E isso conduz
à nossa entrada na Grande Guerra que, provoca,
indirectamente, o fim da I República devido à
conflituosidade social, à depreciação da moeda, ao
empobrecimento completo de uma classe que eram os
chamados proprietários, os donos das casas feitas
nas cidades depois do comboio. Antes da República há
uma coisa muito importante que é a política de obras
públicas do Fontes Pereira de Mello, que começa em
1850 e vai até ao D. Carlos. Isso permite trazer
para Lisboa os excedentes da produção agrícola,
enriquece muita gente, cria as nossas avenidas novas
e cria a classe dos proprietários.


E essa classe empobrece com a Grande Guerra?

Exacto. Porque, com rendas de 50 escudos dava para
viver na opulência e depois da Guerra 50 escudos são
uma esmola. Os proprietários sentem-se atacados,
essa gente torna-se inquieta, começa a haver o
chamado perigo da revolução comunista, porque há a
revolução de 1917 na Rússia e isso alarma muito os
burgueses dos países conservadores e isso conduz
directamente ao 28 de Maio.

Portugal beneficiou ao mudar da Monarquia para a
República?

Na minha opinião, tínhamos um grande político, que
era o rei D. Carlos, e a morte dele foi um grave
prejuízo para o País, porque não conseguimos
refazer-se disso na I República, uma vez que não
encontramos nenhum grande estadista. O homem de mais
valor que aparece na I República é o Afonso Costa,
mas ele teve sempre contra si uma reacção fortíssima
das forças dos sectores da direita. Em parte porque
ele, como foi ministro da justiça, nessa qualidade
conduziu uma política anti-clerical muito intensa e
atirou muita gente contra ele e acabou por sair do
país. Quando veio o 28 de Maio ele já estava fora de
Portugal, mas era o único homem invulgarmente dotado
de visão política. Os outros, enfim... Não tivemos
um grande estadista e isso também nos prejudicou
muito. Esses anos da I República são anos de
desagregação do Estado, de conflituosidade social,
são anos em que se acentuou o nosso atraso em
relação ao desenvolvimento económico europeu, são
anos em que se mantém uma taxa de analfabetismo
pavorosa. Chegamos ao Estado Novo com 80 por cento
de analfabetos. São anos infelizes. Com a República
perdeu-se mais do que se ganhou.


Mas com a República passa a poder-se sufragar o
chefe do Estado, em vez de ser de forma
hereditária...

Vamos lá a ver, hoje, o chefe do Estado é eleito
pelos portugueses, mas na I República era eleito
pelas câmaras de deputados e do Senado. Os deputados
e os senadores é que escolhiam o Presidente. É isso
que explica que o primeiro Presidente da República
seja o Manuel de Arriaga, que era um advogado
açoriano completamente desconhecido em Portugal.
Como é que este homem é eleito chefe de Estado? Bom,
exactamente porque o Arriaga era um conservador e no
pequeno círculo parlamentar, naquelas combinações, é
possível eleger um homem como ele, que era um homem
sério mas que de maneira nenhuma era um vulto
nacional. Não teria sido possível eleger, nessa
altura, um grande vulto que estivesse fora do
Parlamento. Era uma República excessivamente
politizada.


Quando é que o povo passa a intervir de forma
decisiva na eleição de um Presidente da República?

Nunca. Nem depois do 25 de Abril. Continua,
evidentemente, a haver jogos políticos, tudo isso
são convenções. Quem ganha as eleições é quem tem
dinheiro para fazer campanhas e as pessoas votam em
quem tiver a melhor campanha. O Presidente é
proposto pelos partidos e tem atrás de si toda a
máquina partidária. Está claro que pode ser ou não
ser uma grande figura nacional, não estou a discutir
as pessoas, mas o sistema permite que no jogo
partidário, e já temos visto, se proponham à
candidatura pessoas que estão muito longe de
merecer, sequer, o respeito nacional."

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Porque será que isto me soa tão familiar...?

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde
vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque
sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro
de lagoa morta (...)
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida
pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai
dum ventre, - como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de
fazer dela saca-rolhas; dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro
como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"

Guerra Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

domingo, fevereiro 06, 2005

Poveiro nas alturas!

O poveiro Artur Mota concretizou mais um sonho. No mês passado subiu ao ponto mais alto de África, o Kilimanjaro no Quénia.
Foi uma aventura que dava para um bom documentário de televisão. Artur Mota escalou o Kilimanjaro, com 5895 metros de altura, o cume mais alto do continente africano, situado na fronteira entre o Quénia e a Tanzânia. in Póvoa Semanário 02-02-2005

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Areal poveiro em mau estado

“A areia da praia da Póvoa está podre e as análises devem ser melhor executadas” - in Póvoa Semanário, 19/01/2005

sexta-feira, janeiro 07, 2005

La farse du mâitre Pierre Pathelin

O recém-formado Grupo de Teatro Amador de São Pedro de Rates vai representar a farsa dum anónimo francês do século XV intitulada "A farsa do mestre Pathelin".

A estreia será no Diana-bar hoje às 22h.
A encenação é de Bárbara Maciel e a música original é da minha própria autoria.
A entrada é livre e convidam-se todos os interessados, e não só, a assistir a uma clássica sátira de costumes onde "todos os que enganam acabam por ser enganados..." - Bárbara Maciel

Para os que não puderem ir à estreia, ficam desde já também convidados a ir ao Salão Paroquial de S. Pedro de Rates, em frente à igreja românica, assistir à segunda apresentação no próximo sábado, dia 15 de Janeiro.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

O Natal Poveiro



A grande festa da família, que é o Natal, celebrado em todo o mundo, tem entre os poveiros um verdadeiro culto. Pode a sardinha no mar andar às barrias, de comer as redes: o Poveiro não vai ao mar. E se está arribado fora da terra, vem a pé (...). A noite do Menino há-de passá-la com os seus, custe o que custar. in O Poveiro, de António Santos Graça.

Interrogo-me sobre a realidade do Poveiro moderno...opiniões?

Mente sã em corpo são



Após uma remodelação a clínica do Dr. Moura Gonçalves, na Praça do Almada, contempla agora um espaço artístico. A galeria acolhe mostras de pintura, oferecendo aos utentes um novo olhar nos momentos de espera.

Até 15 de Fevereiro, a galeria denominada CLOP apresenta quadros de Hercília Gonçalves, uma artista plástica natural do Porto.

A pintora tem vindo a participar em diversas exposições, colectivas e individuais, desde 1987. Em 2002 orientou acções de formação como professora formadora de serigrafia, gravura e desenho. Um espaço requintado que vale a pena visitar. in Póvoa Semanário, 5-1-2005